sábado, 28 de julho de 2007

Para aprender ( e desenvolver ) Competências



Paola Gentile Roberta Bencini

Tudo o que você precisa conhecer sobre assunto mais falado no mundo da educação nos dias de hoje - e como fazer para entender e pôr em prática esse novo jeito de ensinar .Lembre-se das últimas aulas que você deu : entrou na classe, falou, explicou, deu exemplos e se desdobrou para que a turma entendesse a matéria. Alguns até levantaram a mão para fazer uma ou outra pergunta, mas, no geral todos ficaram quietos, "prestando atenção". Será que eles estavam realmente interessados? Depende. É consenso entre os pensadores da educação que a criança interioriza o que você ensina se estiver, de alguma forma ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou perceber a importância e a aplicação de tudo aquilo que você quer transmitir.
Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências, palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países. O objetivo dessa abordagem é ensinar aos alunos o que eles precisam aprender para ser cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as dos outros. Enfim, para que possam Ter uma participação ativa sobre a sociedade em que vivem. Uma concepção nobre que na grande maioria das escolas ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na frente do quadro-negro, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las.
Não há receita simples para aprender a ensinar dentro dessa nova concepção. Pode começar entendendo como ela surgiu. Até a conferência de 1990 em Jomtiem, na Tailândia - onde foi elaborada a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos- o processo educativos estavam calçados no que o físico e educador paulistano Luiz Carlos Menezes chama de ensino cartorial . Ou seja, um agrupamento de assuntos para memorizar ou exercícios para praticar a exaustão. Naquele encontro, conclui-se que havia necessidade de mudanças estruturais.
"Ficou claro que reformar a educação era prioridade mundial e as competências seriam o único caminho para oferecer, de fato, uma nova educação para todos" diz o professor de matemática Vasco Pedro Moretto, mestre em Didática de Ciências. "Tudo havia mudado: a sociedade, o mercado de trabalho, as relações humanas... só a educação continuava a mesma"
Então, estava tudo errado? Não. O contexto social de épocas passadas aceitava aquela formação. O problema é esse contexto não existe mais. " A sociedade tem hoje outras prioridades e exigências, em que a ação é o elemento chave " , afirma Moretto. Simplesmente dar o conteúdo e esperar que ele seja reproduzido não forma o indivíduo que o mercado de trabalho e a sociedade exigem." Quem não estiver preparado para o trabalho conceitual e criativo pode estar fadado à exclusão social, através do desemprego" , endossa Menezes. Segundo a pedagoga Maria Inês Fini, mestre em Psicologia da Educação e coordenadora do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), escola não é mais o lugar onde uma geração passa para outra um acervo de conhecimentos. " Ela agora tem outro papel: é o espaço onde as relações humanas são moldadas" , avalia " Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes alem de capacitar o indivíduo na busca de informações, onde quer que elas estejam, para usa-las no seu cotidiano" .

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